Hábitos de pesquisa e autoperceção de competências de literacia da informação dos alunos de medicina: um estudo piloto.
Palavras-chave:
Literacia da informação, pesquisa bibliográfica, educação médica, ensino médico pré-graduado, bibliotecas de saúdeResumo
Introdução: A informação de saúde e as exigências da medicina baseada na evidência, constituem um desafio para docentes, alunos e clínicos no que respeita a recuperação, gestão e aplicação ética da informação. O desenvolvimento de competências em Literacia da Informação (LI), desde os primeiros anos da formação médica, é reconhecido internacionalmente como promotor do sentido crítico dos alunos, potenciando maior autonomia e capacitação académica, profissional e social. Com o objetivo de desenvolver estas competências, o Departamento de Educação Médica (DEM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) em colaboração com a Acta Médica Student Portugal (AMP-S), ofereceu aos alunos do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) o workshop “Bases de pesquisa bibliográfica (hands on)” no contexto das 1ªs Jornadas de Investigação Médica DEM/AMP-S.
Objetivo: O principal objetivo deste estudo piloto é identificar os hábitos de pesquisa e autoperceção dos alunos da FMUL quanto às suas competências LI.
Método: Workshop prático para desenvolvimento de competências (LI), com duração de 2 horas, assegurado por uma bibliotecária em colaboração com o DEM. O programa de formação baseou-se nos critérios da IL Framework. Para identificar os hábitos de pesquisa, a autoperceção quanto às competências LI e a evolução de ambos após formação, foi solicitado a cada aluno o preenchimento de dois questionários online (pré e pós-formação).
Resultados: Considerando o carácter voluntário do workshop e o horário em que decorreu (18-20h), a adesão (71_alunos) superou as expectativas, tendo sido necessárias quatro sessões extra adequando o número de alunos inscritos à capacidade da sala de formação. Da análise das respostas recolhidas, verifica-se que a frequência de formação em LI alterou os hábitos de pesquisa dos alunos de medicina, tornando-os mais autónomos e confiantes. Após formação, aumenta a confiança para encontrar rapidamente resposta para questões clínicas, diminuem as dificuldades em identificar o(s) recurso(s) mais adequado(s) à necessidade de informação e desenhar/aplicar uma estratégia de pesquisa. A capacidade de localizar, avaliar, gerir e aplicar a informação de saúde é reconhecida como uma competência essencial pela maioria dos alunos (90% concorda plenamente e 10% concorda), 95,8% concorda com a integração desta área no currículo MIM. A referência ao bibliotecário como recurso para apoio no acesso à informação aumenta (+ 46,4%). Dos comentários e sugestões recebidas, destaca-se o reconhecimento global muito positivo quanto à utilidade da formação e a necessidade de mais formação nesta área, com mais horas de contacto e maior componente prática.
Conclusões: Considerando a forte adesão ao workshop e os resultados apurados, propomos repensar a estratégia actual na FMUL relativa à formação LI, nomeadamente integrando formação nesta área no currículo MIM como unidade curricular optativa ou outra. O modelo atual, assente nos programas opcionais de formação disponibilizado pela biblioteca, não parece ser suficiente para responder às necessidades verificadas. Importa capacitar os alunos para os enormes desafios da prática clínica baseada na evidência e neste contexto as bibliotecas académicas de saúde devem reforçar o seu papel, enquanto serviço de suporte ao ensino médico, numa estratégia de colaboração efetiva entre docentes, alunos e bibliotecários.
Referências
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