Barreiras para a implementação do prontuário eletrônico do paciente
Palavras-chave:
Prontuário do paciente, Prontuário Eletrônico do Paciente, Implementação de software, FacilitadoresResumo
Introdução. Por muitos anos, várias iniciativas de implementação de prontuários eletrônicos do paciente (PEP), também denominados por alguns autores pelo termo “registros eletrônicos de saúde (RES)”, vêm ocorrendo em todo o mundo, com a promessa de substituir completa e vantajosamente os prontuários de pacientes em suporte papel1. No entanto, o suporte eletrônico ainda é subutilizado atualmente, havendo em alguns casos inclusive o cancelamento de implementação do sistema automatizado com retorno ao suporte papel2. Objetivo. Este trabalho teve por objetivo avaliar quais são as principais barreiras para a implementação e amplo uso do PEP em diferentes países. Métodos. Para elaboração desta revisão de literatura de caráter qualitativo, foram realizadas pesquisas bibliográficas nas bases de dados Medline e CINAHL, considerando o período de 2014 a 2019 e que faziam referências a facilitadores e barreiras para implementação do PEP. Os artigos selecionados foram submetidos a análise temática3 para identificar as principais barreiras e facilitadores. Resultados. Dos 1982 artigos encontrados, foram selecionados 30 artigos publicados no período citado para análise temática. Esses artigos abordaram iniciativas de implementação do PEP em 11 países, sendo relatadas 9 iniciativas provenientes dos Estados Unidos e 5 iniciativas provenientes do Canadá. Em relação ao contexto de implementação do PEP, as iniciativas abordaram principalmente ambientes hospitalares (12) e de atenção primária (9). Com relação aos métodos empregados pelos autores para avaliação das iniciativas, houve um equilíbrio, com 14 artigos utilizando métodos quantitativos, 14 artigos utilizando abordagens qualitativas e 2 artigos utilizando métodos mistos. A análise temática identificou 122 citações de barreiras em torno de 8 temas principais: financeiro, infraestrutura, planejamento, operacional, interoperabilidade, profissional, confiança e público. Desses temas, foram recorrentes os aspectos operacionais (42 citações) e profissionais (32). Entre os aspectos operacionais, as principais barreiras foram a inadequação dos sistemas aos requisitos (como recursos não adequados para profissionais que não médicos) e problemas de usabilidade (como interfaces complexas para realizar a entrada de dados). Entre os aspectos profissionais, a principal barreira estava relacionada ao treinamento (insuficiente ou inadequado), seguido de questões de resistência dos profissionais de saúde às mudanças e limitações referentes às competências informacional e tecnológica. Conclusão. Devido ao volume crescente de dados, informações e conhecimento gerados durante a realização da assistência em saúde, os diferentes países possuem o desafio de encontrar uma tecnologia adequada para o armazenamento, organização e recuperação dessas informações. Todavia, o presente estudo observou que a implementação do PEP, como tecnologia para solucionar essas questões, ainda é vista com um olhar de estranhamento pelos profissionais da saúde dos diferentes países. Mudar esse cenário requer sistemas que atendam e conquistem profissionais de saúde, bem como processos de ensino-aprendizagem mais adequados para aperfeiçoar as competências informacionais e tecnológicas desses profissionais.
Referências
Galvao MCB, Ricarte ILM. Prontuário do paciente. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012.
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