O projeto de literacia da informação numa biblioteca da saúde: o caso da Biblioteca da ESTeSL

Autores

  • Paula Seguro de Carvalho Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Instituto politécnico de Lisboa
  • Maria da Luz Antunes Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Instituto politécnico de Lisboa

Palavras-chave:

Literacia da informação, ensino superior, biblioteca da saúde

Resumo

Introdução – Ao aumento exponencial de informação, sobretudo a científica, não corresponde obrigatoriamente a melhoria de qualidade na pesquisa e no uso da mesma1-2. O conceito de literacia da informação ganha pertinência e destaque, na medida em que abarca competências que permitem reconhecer quando é necessária a informação e de atuar de forma eficiente e efetiva na sua obtenção e utilização. A biblioteca académica assume, neste contexto, o papel de parceiro privilegiado, preparando o momento em que o estudante se sente capaz de produzir e registar novo conhecimento através da escrita3-4.

Objectivo – A Biblioteca da ESTeSL reestruturou as sessões desenvolvidas desde o ano lectivo 2002/2003 e deu início a um projecto mais formal denominado «Saber usar a informação de forma eficiente e eficaz». Objectivos: a) promover a melhoria da qualidade dos trabalhos académicos e científicos; b) contribuir para a diminuição do risco de plágio; c) aumentar a confiança dos estudantes nas suas capacidades de utilização dos recursos de informação; d) incentivar uma participação mais ativa em sala de aulas; e) colaborar para a integração dos conteúdos pedagógicos e das várias fontes de informação.

Método – Dinamizaram-se várias sessões de formação de curta duração, versando diferentes temas associados à literacia de informação, designadamente: 1) Pesquisa de informação com sessões dedicadas à MEDLINE, RCAAP, SciELO, B-ON e Scopus; 2) Fator de impacto das revistas científicas: Journal Citation Reports e SciMAGO; 3) Como fazer um resumo científico?; 4) Como estruturar o trabalho científico?; 5) Como fazer uma apresentação oral?; 6) Como evitar o plágio?; 7) Referenciação bibliográfica usando a norma de Vancouver; 8) Utilização de gestores de referências bibliográficas: ZOTERO (primeira abordagem para os estudantes de 1º ano de licenciatura) e a gestão de referências e rede académica de informação com o MENDELEY (direcionado para estudantes finalistas, mestrandos, docentes e investigadores). O projeto foi apresentado à comunidade académica no site da ESTeSL; cada sessão foi divulgada individualmente no site e por email. Em 2015, a divulgação investiu na nova página da Biblioteca (https://estesl.biblio.ipl.pt/), que alojava informações e recursos abordados nas formações. As inscrições eram feitas por email, sem custos associados ou limite mínimo ou máximo de sessões para participar.

Resultados – Em 2014 registaram-se 87 inscrições. Constatou-se a presença de, pelo menos, um participante em cada sessão de formação. Em 2015, o total de inscrições foi de 190. Foram reagendadas novas sessões a pedido dos estudantes cujos horários não eram compatíveis com os inicialmente agendados. Foram, então, organizados dois dias de formação seguida (cerca de 4h em cada dia) com conteúdos selecionados pelos estudantes. Registou-se, nestas sessões, a presença contante de cerca de 30 estudantes em sala. No total, as sessões da literacia da informação contaram com estudantes de licenciatura de todos os anos, estudantes de mestrado, docentes e investigadores (internos e externos à ESTeSL).

Conclusões – Constata-se a necessidade de introdução de novos conteúdos no projeto de literacia da informação. O tempo, os conteúdos e o interesse demonstrado por aqueles que dele usufruíram evidenciam que este é um projeto que está a ganhar o seu espaço na comunidade da ESTeSL e que a literacia da informação contribui de forma efetiva para a construção e para a produção de conhecimento no meio académico.

Biografias Autor

Paula Seguro de Carvalho, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Instituto politécnico de Lisboa

Bibliotecária na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa.

Começou a trabalhar nas bibliotecas na Biblioteca da Ajuda, colaborou com a Consinfor–Gabinete de Estudos e Projectos, Lda desempenhando tarefas para as Bibliotecas do Supremo Tribunal Administrativo e da Procuradoria-Geral da República. Participou no projecto de organização e implementação da Biblioteca do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Desempenhou funções na Biblioteca Municipal de Montijo e, desde 2010, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa. É membro da Direção da APDIS, colabora nos grupos de trabalho do Repositório Científico do Instituto Politécnico de Lisboa e do Sistema Integrado de Bibliotecas Koha. É Mendeley Advisor e membro da BAD, APDIS e EAHIL.

Maria da Luz Antunes, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Instituto politécnico de Lisboa

Licenciatura em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1986), pós-graduação em Ciências Documentais pela Universidade Autónoma de Lisboa (1996) e mestrado em Ciências Documentais também pela UAL (2006), com um trabalho sobre o papel de mediador do bibliotecário de referência nas bibliotecas universitárias da área da saúde.
O percurso pelas bibliotecas iniciou-se na Biblioteca do Gabinete em Portugal da Comissão Europeia, tendo transitado para o Centro de Documentação Europeia da Universidade de Lisboa. Desempenhou funções de coordenação no Centro de Documentação do Instituto de Clínica Geral da Zona Sul, mais tarde reestruturado em Instituto da Qualidade em Saúde, na Universidade Atlântica e, desde 2000, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa [ESTeSL-Instituto Politécnico de Lisboa (IPL)]. Gestora do Repositório Científico do IPL (desde 2011) e da B-ON no IPL (desde 2007). Revisora técnica da Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (desde 2014) e da Saúde & Tecnologia (desde 2008). Membro da European Association for Health Information and Libraries (EAHIL), APDIS e BAD. 
As suas maiores áreas de investimento têm sido a metodologia e as competências de investigação, a bibliometria e a literacia em saúde, especialmente junto dos idosos e dos portadores de doenças crónicas. Apresentou e publicou alguns trabalhos e tem assegurado seminários de investigação aplicada na ESTeSL e na Coordenação do Internato Complementar em Medicina Geral e Familiar.

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Publicado

2016-06-16