Perceções dos estudantes sobre a imagem, papel e funções do bibliotecário académico: o caso da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria
Keywords:
Bibliotecário, Imagem Profissional, Valorização social, Estereótipo, Bibliotecário Académico, Bibliotecas de SaúdeAbstract
A importância e a imagem profissional do bibliotecário têm sido amplamente debatidas, sobretudo pela forte associação a um sem número de estereótipos que marcaram e marcam a sua evolução e desempenho profissional1. No caso dos bibliotecários académicos, o debate envolve questões à volta de um possível afastamento da comunidade académica, que não lhes reconhece as capacidades e competências do exercício da função e, por isso, evita interpelá-los. Alguns autores referem-se ainda a reações que oscilam entre ansiedade e medo em interagir com os bibliotecários2-5, apontando razões que vão desde considerá-los não aptos para responder a questões técnicas, como medo de não entender as suas respostas6.
Considerando utilizadores com características tão singulares como os estudantes da área da enfermagem, pretende-se com este trabalho contribuir para a divulgação de uma imagem mais ajustada da profissão, com vista a alteração da perceção dos estudantes face à imagem, papel e funções do bibliotecário, derrubando barreiras comunicacionais. Este estudo de natureza descritiva é fundado na análise segundo o método de investigação quantitativo, através da aplicação de inquéritos por questionário no período compreendido entre janeiro e fevereiro de 2016 a estudantes de licenciatura da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria (307 estudantes), no Porto.
Setenta e um estudantes responderam ao questionário, representando 23% da população-alvo. Participaram estudantes de todas as idades e de ambos os sexos; no entanto, a amostra mostrou-se maioritariamente jovem (93% com menos de 22 anos de idade) e feminina (97,2%).
A partir dos resultados obtidos destaca-se a clara preponderância dos estudantes que procuram auxílio do profissional de informação (95,8%) para realização das suas pesquisas. Os que evitam interpelar o profissional justificam este afastamento por não o considerarem competente, dado não ser formado na área da saúde. Da mesma forma, apesar de os considerarem simpáticos, versáteis e prestáveis, com boas capacidades comunicacionais, alguns inquiridos consideram ser mais fácil encontrar soluções sozinhos (9%), mais uma vez por não lhe atribuírem conhecimentos técnicos da área da saúde (25%).
Dentro das valências, capacidades e competências dos bibliotecários académicos, as citadas pelos inquiridos como mais importantes são: o conhecimento, simpatia, disponibilidade, boa comunicação e paciência. Reconhecem a exigência de formação superior para o cargo, mas desconhecem as suas funções ao referir tarefas como: arrumação e organização dos livros nas estantes e atendimento aos utilizadores.
Concluiu-se que o dinamismo e as novas potencialidades das bibliotecas académicas têm vindo a alterar a imagem do bibliotecário e a aproximá-lo da comunidade académica; quando questionados sobre a sua importância para a universidade, a resposta foi unânime: os bibliotecários são importantes mesmo para assuntos não relacionados diretamente com os estudantes (100%) e inclusive são importantes para o seu sucesso académico (95,8%). Contudo, é necessário contrariar a falta de reconhecimento da comunidade no que concerne à atribuição de capacidades dos profissionais para apoiar nas pesquisas mais técnicas da área da saúde. De facto, atualmente exige-se do profissional de biblioteca mais do que dominar saberes da biblioteconomia7; o profissional necessita tomar consciência da sua competência e apostar na formação especializada8.