O contributo das teses e dissertações para a literacia em saúde: um estudo de caso nos repositórios institucionais da Universidade de Lisboa
Keywords:
Literacia em Saúde, Repositórios, Teses e Dissertações, Ciência Aberta, Acesso AbertoAbstract
Introdução
Em Portugal as preocupações com a Literacia em Saúde são cada vez mais transversais. Não só os órgãos de Governo estão atentos à necessidade da sua promoção através de legislação, por exemplo, implementando estratégias do Programa Nacional de Saúde, Literacia e Autocuidados (1), como os profissionais procuram formar-se neste âmbito. A Literacia em Saúde está sobretudo associada à transferência da informação de saúde (comunicação médico – utente) devendo o profissional munir-se de competências que associem a literacia da informação à comunicação em saúde, quer para a decisão clínica, quer para a prestação de cuidados e prática clínica baseada na evidência. Não obstante, a Literacia em Saúde deve ser vista de forma transversal e abrangente (2), revestindo-se da maior importância para decisores políticos, profissionais de saúde e cidadão comum, sendo o trabalho das instituições educativas, particularmente as do Ensino Superior, de fundamental relevância.
Objetivos
Reflete-se sobre os benefícios da exposição do conhecimento académico produzido na área da saúde, particularmente através da divulgação de teses e dissertações disponibilizadas em repositórios institucionais, em alinhamento com a Ciência Aberta (3). Procura demonstrar-se como os repositórios institucionais podem potenciar a literacia em saúde, já que, pela divulgação do conhecimento científico, comunicado adequadamente à sociedade, se proporciona acesso ao saber como um todo, melhorando a qualidade da informação de saúde disponível na web.
Método
Procede-se à recolha de dados relativos ao nº de teses e dissertações associadas a cada uma das escolas da área da saúde da Universidade de Lisboa depositadas nos Repositórios, no período 2010-2019 (10 anos de implementação). Apuram-se as estatísticas de utilização relativas ao número de consultas e downloads e origem (países) desses acessos.
Resultados e Discussão
A instituição, docentes e alunos beneficiam da divulgação das suas teses e dissertações nos repositórios, mas é evidente que a comunidade em geral recolhe benefícios tangíveis com o acesso ao conhecimento produzido na área da saúde. Cumprindo os objetivos expressos nas políticas de depósito, as universidades podem ser importantes parceiros no desiderato da Literacia em Saúde. No caso da Universidade de Lisboa, tal inclui reunir e organizar de forma sistemática o conjunto da produção intelectual, académica e científica da ULisboa; divulgar, dar acesso e maior visibilidade à investigação desenvolvida na ULisboa; melhorar a monitorização, avaliação e gestão das atividades de investigação e de ensino na ULisboa; promover a valorização e preservação da memória intelectual e cultural desta Universidade.
Conclusões
O acesso a mais e melhor informação em saúde gera confiança nos cidadãos, promove a melhoria dos cuidados e a sustentabilidade dos serviços de saúde. As instituições de ensino superior, no seu compromisso de disponibilização de informação científica em acesso aberto, particularmente na área da saúde, assumem um papel decisivo na transferência do conhecimento científico. No caso apresentado evidencia-se a dimensão do alcance na população. Estudos como este contribuem para a visibilidade e promoção da informação em saúde, sendo a sua divulgação em larga escala impulsionadora da Literacia em Saúde e de cidadãos informados, participativos e capazes de decidir com base em informação científica de qualidade.References
Portugal. Ministério da Saúde. Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Despacho n.o 3618-A/2016 [Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e Autocuidados]. Diário da República [Internet]. 2016 [cited 2019 Dec 6];2a série(49):8660(5)-8660(6). Available from: https://www.dgs.pt/em-destaque/programa-nacional-de-educacao-para-a-saude-literacia-e-autocuidados-pdf.aspx
Lopes C, Almeida CV, editors. Literacia em Saúde: modelos estratégias e intervenção. Lisboa: Edições ISPA; 2018.
Portugal. Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Princípios orientadores [Ciência Aberta] [Internet]. Lisboa: MCTES; 2016 [cited 2019 Dec 6]. Available from: https://www.ciencia-aberta.pt/principios-orientadores