Perceções dos estudantes sobre a imagem, papel e funções do bibliotecário académico: o caso da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria

Autores

  • Sílvia Cardoso Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria

Palavras-chave:

Bibliotecário, Imagem Profissional, Valorização social, Estereótipo, Bibliotecário Académico, Bibliotecas de Saúde

Resumo

A importância e a imagem profissional do bibliotecário têm sido amplamente debatidas, sobretudo pela forte associação a um sem número de estereótipos que marcaram e marcam a sua evolução e desempenho profissional1. No caso dos bibliotecários académicos, o debate envolve questões à volta de um possível afastamento da comunidade académica, que não lhes reconhece as capacidades e competências do exercício da função e, por isso, evita interpelá-los. Alguns autores referem-se ainda a reações que oscilam entre ansiedade e medo em interagir com os bibliotecários2-5, apontando razões que vão desde considerá-los não aptos para responder a questões técnicas, como medo de não entender as suas respostas6.

Considerando utilizadores com características tão singulares como os estudantes da área da enfermagem, pretende-se com este trabalho contribuir para a divulgação de uma imagem mais ajustada da profissão, com vista a alteração da perceção dos estudantes face à imagem, papel e funções do bibliotecário, derrubando barreiras comunicacionais. Este estudo de natureza descritiva é fundado na análise segundo o método de investigação quantitativo, através da aplicação de inquéritos por questionário no período compreendido entre janeiro e fevereiro de 2016 a estudantes de licenciatura da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria (307 estudantes), no Porto.

Setenta e um estudantes responderam ao questionário, representando 23% da população-alvo. Participaram estudantes de todas as idades e de ambos os sexos; no entanto, a amostra mostrou-se maioritariamente jovem (93% com menos de 22 anos de idade) e feminina (97,2%).

A partir dos resultados obtidos destaca-se a clara preponderância dos estudantes que procuram auxílio do profissional de informação (95,8%) para realização das suas pesquisas. Os que evitam interpelar o profissional justificam este afastamento por não o considerarem competente, dado não ser formado na área da saúde. Da mesma forma, apesar de os considerarem simpáticos, versáteis e prestáveis, com boas capacidades comunicacionais, alguns inquiridos consideram ser mais fácil encontrar soluções sozinhos (9%), mais uma vez por não lhe atribuírem conhecimentos técnicos da área da saúde (25%).

Dentro das valências, capacidades e competências dos bibliotecários académicos, as citadas pelos inquiridos como mais importantes são: o conhecimento, simpatia, disponibilidade, boa comunicação e paciência. Reconhecem a exigência de formação superior para o cargo, mas desconhecem as suas funções ao referir tarefas como: arrumação e organização dos livros nas estantes e atendimento aos utilizadores.

Concluiu-se que o dinamismo e as novas potencialidades das bibliotecas académicas têm vindo a alterar a imagem do bibliotecário e a aproximá-lo da comunidade académica; quando questionados sobre a sua importância para a universidade, a resposta foi unânime: os bibliotecários são importantes mesmo para assuntos não relacionados diretamente com os estudantes (100%) e inclusive são importantes para o seu sucesso académico (95,8%). Contudo, é necessário contrariar a falta de reconhecimento da comunidade no que concerne à atribuição de capacidades dos profissionais para apoiar nas pesquisas mais técnicas da área da saúde. De facto, atualmente exige-se do profissional de biblioteca mais do que dominar saberes da biblioteconomia7; o profissional necessita tomar consciência da sua competência e apostar na formação especializada8.

Biografia Autor

Sílvia Cardoso, Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria

Sílvia Cardoso é, desde 2010, responsável pela Biblioteca da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria, no Porto. Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é, também, pós-graduada em Ciência da Informação variante Bibliotecas e Centros de Documentação pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, e mestre em Educação e Bibliotecas pela mesma instituição. Faz atualmente estudos de doutoramento em Ciência da Informação na Universidade de Coimbra.

Downloads

Publicado

2016-06-16