A importância social da educação para a saúde

Autores

  • Isabel Loureiro

Palavras-chave:

Educação para a saúde, Literacia em saúde, Promoção da saúde

Resumo

A escolaridade e a educação para a saúde são direitos consagrados na Constituição e investimentos fundamentais para uma população mais saudável.

Os níveis de literacia atingidos com estas intervenções são importantes fatores preditivos de emprego, de participação activa no desenvolvimento comunitário, nos níveis de saúde e de gestão das doenças crónicas e estão também associados ao sucesso de uma nação. 

Segundo o Institute of Medicine, a definição de “Literacia em saúde” é “o grau de capacidade para obter, processar e compreender informação básica em saúde e de serviços necessários para tomar decisões adequadas”. A literacia em saúde requer maior domínio do vocabulário específico da saúde bem como o conhecimento da cultura do sistema de saúde, implicando, para além do conhecimento, aptidões pessoais e confiança para agir no sentido de melhorar a sua saúde e condições de vida.

É necessário que o cidadão tenha a capacidade para fazer escolhas de bens e serviços e esteja ciente dos seus direitos como consumidor. Como doente, deve saber navegar no sistema de saúde e ser capaz de intervir, como um parceiro, com os profissionais de saúde.

De acordo com os resultados da investigação neste domínio, os indivíduos com baixa literacia em saúde têm mais probabilidades de serem hospitalizados e utilizarem os serviços de urgência. Para além disso, quem é iletrado em saúde é menos propenso a utilizar os serviços preventivos e a ter comportamentos promotores de saúde, tem menos conhecimentos sobre como fazer a gestão das doenças bem como tende a referir o seu estado de saúde como mais fraco.

São reconhecidos, como pontos essenciais de intervenção para uma maior literacia em saúde, o ambiente social e cultural, o sistema de saúde e o sistema educativo.

Assinala-se a importância do desfasamento existente entre a apresentação das mensagens em saúde e a capacidade de leitura e compreensão dos doentes, o que coloca a sua própria saúde em risco. Uma comunicação clara neste domínio é um 

direito do cidadão e, por isso, a utilização de uma linguagem simplificada para garantir que todas as pessoas têm acesso às informações importantes para a sua vida é essencial. Sendo a educação para a saúde – com os consequentes resultados através dos níveis de literacia em saúde – uma das duas componentes fundamentais da promoção da saúde (a outra são as políticas públicas) –, torna-se evidente o interesse de trabalhar esta temática.

Toda a sociedade deverá estar implicada na promoção da literacia em saúde, sabendo que é um direito do cidadão e que os seus baixos níveis saem extremamente onerosos à sociedade porque existe evidência de que o maior número de internamentos, a maior incidência de doenças ligadas aos comportamentos, o mau uso dos serviços de saúde, são uma realidade diretamente proporcional aos níveis de literacia dos cidadãos em geral.

Conclui-se assinalando a responsabilidade dos governos neste domínio, sejam eles nacionais, regionais ou locais, complementada com o papel das organizações cívicas, como bibiotecas, sociedades culturais, instituições religiosas, meios de comunicação social, como exemplos do potencial da comunidade enquanto recurso.

Os determinantes da saúde são vários, sendo a literacia em saúde e as políticas públicas promotoras de saúde dos mais importantes. 

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