O contributo das teses e dissertações para a literacia em saúde: um estudo de caso nos repositórios institucionais da Universidade de Lisboa

Autores

  • Tatiana Sanches Instituto de Educação - Universidade de Lisboa
  • Luiza Baptista Melo Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa / CIDEHUS-Universidade de Évora
  • Sílvia Costa Lopes Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
  • Susana Oliveira Henriques Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Palavras-chave:

Literacia em Saúde, Repositórios, Teses e Dissertações, Ciência Aberta, Acesso Aberto

Resumo

Introdução

Em Portugal as preocupações com a Literacia em Saúde são cada vez mais transversais. Não só os órgãos de Governo estão atentos à necessidade da sua promoção através de legislação, por exemplo, implementando estratégias do Programa Nacional de Saúde, Literacia e Autocuidados (1), como os profissionais procuram formar-se neste âmbito. A Literacia em Saúde está sobretudo associada à transferência da informação de saúde (comunicação médico – utente) devendo o profissional munir-se de competências que associem a literacia da informação à comunicação em saúde, quer para a decisão clínica, quer para a prestação de cuidados e prática clínica baseada na evidência. Não obstante, a Literacia em Saúde deve ser vista de forma transversal e abrangente (2), revestindo-se da maior importância para decisores políticos, profissionais de saúde e cidadão comum, sendo o trabalho das instituições educativas, particularmente as do Ensino Superior, de fundamental relevância.

Objetivos

Reflete-se sobre os benefícios da exposição do conhecimento académico produzido na área da saúde, particularmente através da divulgação de teses e dissertações disponibilizadas em repositórios institucionais, em alinhamento com a Ciência Aberta (3). Procura demonstrar-se como os repositórios institucionais podem potenciar a literacia em saúde, já que, pela divulgação do conhecimento científico, comunicado adequadamente à sociedade, se proporciona acesso ao saber como um todo, melhorando a qualidade da informação de saúde disponível na web.

Método

Procede-se à recolha de dados relativos ao nº de teses e dissertações associadas a cada uma das escolas da área da saúde da Universidade de Lisboa depositadas nos Repositórios, no período 2010-2019 (10 anos de implementação). Apuram-se as estatísticas de utilização relativas ao número de consultas e downloads e origem (países) desses acessos.

Resultados e Discussão

A instituição, docentes e alunos beneficiam da divulgação das suas teses e dissertações nos repositórios, mas é evidente que a comunidade em geral recolhe benefícios tangíveis com o acesso ao conhecimento produzido na área da saúde. Cumprindo os objetivos expressos nas políticas de depósito, as universidades podem ser importantes parceiros no desiderato da Literacia em Saúde. No caso da Universidade de Lisboa, tal inclui reunir e organizar de forma sistemática o conjunto da produção intelectual, académica e científica da ULisboa; divulgar, dar acesso e maior visibilidade à investigação desenvolvida na ULisboa; melhorar a monitorização, avaliação e gestão das atividades de investigação e de ensino na ULisboa; promover a valorização e preservação da memória intelectual e cultural desta Universidade.

Conclusões

O acesso a mais e melhor informação em saúde gera confiança nos cidadãos, promove a melhoria dos cuidados e a sustentabilidade dos serviços de saúde. As instituições de ensino superior, no seu compromisso de disponibilização de informação científica em acesso aberto, particularmente na área da saúde, assumem um papel decisivo na transferência do conhecimento científico. No caso apresentado evidencia-se a dimensão do alcance na população. Estudos como este contribuem para a visibilidade e promoção da informação em saúde, sendo a sua divulgação em larga escala impulsionadora da Literacia em Saúde e de cidadãos informados, participativos e capazes de decidir com base em informação científica de qualidade.

Biografias Autor

Tatiana Sanches, Instituto de Educação - Universidade de Lisboa

Bibliotecária, Licenciada em Letras, Mestre em Educação e Leitura, Doutora em Educação, e Pós-Doutora em Ciência da Informação. Trabalhou em bibliotecas públicas entre 1993 e 2007, altura em que passou a trabalhar nas bibliotecas universitárias. Atualmente é Chefe de Divisão de Documentação na Faculdade de Psicologia e no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e, paralelamente, é investigadora integrada na UIDEF, Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e Formação do Instituto de Educação, Universidade de Lisboa. É também colaboradora na APPsyCI – Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion, no ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada – Instituto Universitário). Dedica-se a temas como a literacia de informação, bibliotecas universitárias, gestão de bibliotecas, escrita académica, ensino superior, entre outros, tendo já diversos livros, capítulos e artigos publicados, no panorama nacional e internacional. É membro do Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Ensino Superior, na BAD.

Luiza Baptista Melo, Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa / CIDEHUS-Universidade de Évora

Licenciatura em Química, ramo científico, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Mestrado em Arquivos, Bibliotecas e Ciências da Informação e Doutoramento em Ciências da Informação e da Documentação da Universidade de Évora. Desde 2000, desenvolve investigação nas áreas das Estatísticas, da Avaliação da Qualidade, do Desempenho e do Impacto de Bibliotecas e Serviços de Informação, sendo autora de vários artigos em publicações nacionais e internacionais e participando regularmente em congressos em Portugal e no estrangeiro. Desde 2005, é membro e investigadora na Universidade de Évora - Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades. Têm integrado comissões científicas de congressos internacionais  na área da biblioteconomia e ciências da informação. É formadora e coordenadora de cursos de formação no âmbito BAD.  Recebeu as distinções: Louvor Cooperação – não docente 2013/2014 atribuído pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Sílvia Costa Lopes, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

Mestre em Estudos de Informação e Bibliotecas Digitais pelo ISCTE – IUL (2009) e Licenciada em Geografia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2005). Entre 2000 e 2018 desempenhou funções de Bibliotecária nos Serviços de Biblioteca e Informação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL). Desde agosto de 2018 desempenha funções no Gabinete de Avaliação e Garantia da Qualidade onde é responsável pela implementação do Sistema de Gestão da Qualidade e é responsável pelas áreas de Apoio à Investigação – Bibliometria e Produção Científica, de Apoio ao Ensino - Formação de Utilizadores, e pela gestão do Repositório da Universidade de Lisboa para a Faculdade de Farmácia. Formadora certificada, colabora na docência de algumas unidades curriculares do Mestrado Integrado e dos Mestrados de 2º ciclo da Faculdade de Farmácia. Foi Presidente (2015-2018) e Vice-Presidente (2011-2015) da APDIS e Membro do EAHIL Council (2012-2014). É membro Associado da EAHIL, da APDIS e da BAD. Diversos trabalhos publicados nomeadamente em revistas científicas, actas de conferência e encontros científicos e revistas de divulgação técnica. As suas principais áreas de interesse são Literacia da Informação, Repositórios, Bibliometria e Gestão da Qualidade.

Susana Oliveira Henriques, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Mestre em Ciências da Documentação e Informação (2012), pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ULisboa), é Bibliotecária na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) desde 1997, atualmente a exercer funções de Chefe de Divisão da Área de Biblioteca e Informação. Foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde – APDIS (2015 – 2018) e secretária da mesma associação (2012 – 2015). Foi membro do International Council da European Association for Health Information Libraries - EAHIL, eleita em representação das Bibliotecas de Saúde Portuguesas entre 2013 e 2017. Desde 2017 assume funções de auditora externa nomeada pelo Board da EAHIL. Foi docente livre de Medicina Baseada na Evidência (2008 - 2018). É docente livre de Medicina Preventiva e Saúde Pública (2018- ) do MIM da FMUL e docente do Mestrado de Reabilitação Cardiovascular, FMUL (2017 -), do Mestrado em Investigação Clínica, FMUL (2019 -) e do Mestrado em Análises Clínicas do Instituto Universitário Egas Moniz (2019 -). Como principais áreas de interesse e intervenção, destacam-se a Pesquisa, Gestão e Avaliação de Informação de Saúde, a Literacia da Informação e Translação do Conhecimento e a Avaliação da Produção Científica - Bibliometria.

Referências

Portugal. Ministério da Saúde. Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Despacho n.o 3618-A/2016 [Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e Autocuidados]. Diário da República [Internet]. 2016 [cited 2019 Dec 6];2a série(49):8660(5)-8660(6). Available from: https://www.dgs.pt/em-destaque/programa-nacional-de-educacao-para-a-saude-literacia-e-autocuidados-pdf.aspx

Lopes C, Almeida CV, editors. Literacia em Saúde: modelos estratégias e intervenção. Lisboa: Edições ISPA; 2018.

Portugal. Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Princípios orientadores [Ciência Aberta] [Internet]. Lisboa: MCTES; 2016 [cited 2019 Dec 6]. Available from: https://www.ciencia-aberta.pt/principios-orientadores

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Publicado

2020-12-15