Um pé no presente, um olhar no futuro...das bibliotecas...

Autores

  • Miguel Ferreira

Palavras-chave:

Bibliotecas, Tecnologias de informação, Comunicação científica

Resumo

Nos dias de hoje, em que uma grande parte da informação do mundo aparenta caber na algibeira do casaco, pode cometer-se o equívoco de se considerar que as bibliotecas se tornaram de certo modo desnecessárias, ultrapassadas, assimiladas pelo avanço da onda digital. Porém, e apesar das ameaças que aparentemente a tecnologia representa para as bibliotecas, estas continuam a ser inabaláveis pilares na nossa sociedade, tendo vindo a adaptar-se com enorme rapidez a todos os desafios que a tecnologia lhes tem vindo a oferecer. Reflete-se sobre a forma como, ao longo dos tempos, as bibliotecas se têm vindo a reinventar, a adaptar-se às tendências e às necessidades dos seus utilizadores. A tecnologia tem vindo a mudar a uma velocidade vertiginosa e as bibliotecas, exemplarmente, têm sido capazes de se adaptar a todas estas novas realidades. Similarmente, a venda de livros eletrónicos não pára de aumentar e com o aparecimento de novas e melhores tecnologias de visualização, a preços cada vez mais reduzidos, não será difícil de imaginar um futuro em que os livros em formato impresso serão absolutas raridades.

Analisa-se a perspectiva da biblioteca como espaço físico que terá necessariamente de evoluir, deixando de ser primordialmente um lugar de preservação da memória para se transformar num lugar onde se podem viver experiências. Cabe às bibliotecas questionar o seu público, aferir as suas necessidades e desenvolver capacidades no sentido de oferecer os serviços desejados.  Não obstante, as bibliotecas não deverão demitir-se da sua missão fundamental de serem depósitos da cultura local, espaços em que a memória é preservada e projetada para o futuro.

Focando o domínio das bibliotecas científicas, nas quais as bibliotecas da saúde obviamente se inserem, examina-se quer o movimento promovido por Tim Berners-Lee que visa a disponibilização em acesso-aberto de dados, especialmente dados científicos, quer o surgimento de um novo paradigma de computação de alto-desempenho (do inglês High Performance Computing ou HPC), como exemplos de um futuro tecnológico muito próximo.

Conclui-se que, neste contexto, as áreas científicas como a Medicina, as Ciências da vida ou a Física se encontram numa posição privilegiada para tirar partido destas tecnologias. As bibliotecas científicas são vitais neste domínio, pois cabe-lhes o trabalho de preparação, formação, curadoria e disseminação dos dados que resultem de trabalhos de investigação científica. Deste modo, estas organizações voltam a reafirmar-se como agentes fundamentais do processo de comunicação científica, adaptando-se e transfigurando-se à medida das necessidades e ao sabor dos tempos.

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