Como melhorar o uso da Classificação Internacional de Doenças pelos profissionais de saúde no contexto brasileiro?

Autores

  • Evaldo Aguiar Andrade UFSCar
  • Maria Cristiane Barbosa Galvão Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Classificação Internacional de Doenças, Organização do Conhecimento, Representação do Conhecimento, Saúde

Resumo

A Classificação de Doenças é um sistema que agrupa as doenças análogas, semelhantes ou afins, segundo uma hierarquização ou eixo classificatório. A Classificação Internacional de Doenças (CID) implica, portanto, a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo e contém cerca de 55 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte1. O objetivo deste estudo é explorar os usos da CID pelos profissionais da saúde, bem como as barreiras e facilitadores para uso dessa Classificação. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de opinião, exploratória, qualitativa e transversal, para mapear usos da CID por profissionais que atuam no campo da saúde. Para isso, considerou-se uma população de conveniência constituída por 77 alunos e egressos de um curso de especialização no campo da saúde digital à distância ofertado para profissionais da saúde com nível superior, com atuação nas diferentes regiões do Brasil e no Sistema Único de Saúde. Como resultado principal, os profissionais de saúde participantes do estudo apresentaram três temáticas prevalecentes sobre como melhorar o uso de CID, quais sejam: 1) Treinamento e educação contínua, ou seja, a capacitação e formação contínua para os profissionais da saúde sobre a importância do uso da CID; 2) Educação nos cursos de graduação, como, por exemplo, agregar a todas os cursos de graduação em saúde a obrigatoriedade de ministrar uma disciplina sobre o uso da CID e incentivar o seu da CID nos estágios profissionais; 3) Adaptações nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, incorporar a CID nos sistemas de informações em saúde, prontuário eletrônico do paciente, aperfeiçoar a padronização geral das informações clínicas, monitorar e integrar as terminologias nas ações da gestão, produzir materiais de fácil compreensão e manuseio para agregar à rotina, desenvolvimento de atividades que promovam a propagação dos recursos relacionados às atualizações da CID, maior interoperabilidade da CID. Entende-se, portanto, que embora a CID seja uma classificação que embasa muitas ações no campo da saúde, os profissionais de saúde que participaram do estudo ainda sentem dificuldade de usá-la e apresentam sugestões para a melhor incorporação da CID nos processos de trabalho. Este estudo corrobora os achados anteriores2, 3  no sentido de que para a CID ser usada de forma mais adequada no Brasil se fazem necessários investimentos para sua tradução, disponibilização de infraestrutura de tecnologia da informação, formação  e educação continuada de recursos humanos, bem como um aumento dos estudos sobre terminologias em saúde no contexto do Sistema Único Brasileiro.

Referências

Organização Mundial Da Saúde. ICD-11 Implementation or transition guide. AIS [internet]. Genebra: OMS; 2019 [citado 14° de julho de 2023]. Disponível em: https://icd.who.int/en/docs/ICD11%20Implementation%20or%20Transition%20Guide_v105.pdf

Galvão MCB, Ricarte ILM. A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11): características, inovações e desafios para implementação. AIS [Internet]. 9º de julho de 2021 [citado 14º de julho de 2023];1(1):104-18. Disponível em: https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/7

Galvão MCB. Classificações, terminologias e ontologias no campo da saúde. AIS [Internet]. 25º de outubro de 2021 [citado 14º de julho de 2023];1(2):41-54. Disponível em: https://asklepionrevista.info/asklepion/article/view/26

Publicado

2024-02-02