Analisando o uso do método Q nos estudos sobre educação em saúde
Palavras-chave:
Q-sort, Educação em Saúde, Educação Digital, Métodos mistos.Resumo
Introdução. O método Q, apesar de criado nos anos de 19301, despertou o interesse de pesquisadores de diversas áreas no século XXI, com crescente uso nas publicações sobre subjetividade2. Caracterizado como um método misto de pesquisa1, enquadra-se na categoria de estudo exploratório sequencial, representado pela expressão QUAL>QUAN, em que resultados quantitativos são mobilizados para confirmar os resultados qualitativos a fim de melhor entender o fenômeno3. Objetivo. Caracterizar o método Q e suas potencialidades como método misto de pesquisa na área da educação na saúde com tecnologias digitais. Método. A pesquisa teve caráter qualitativo, explorou 13 estudos selecionados, de acordo com os critérios de inclusão específicos, nas bases de dados PubMed, Scopus, Cinahl, PsycInfo, Web of Science e LILACS no ano de 2019. Resultados. O método Q é formado por cinco fases, dentre as quais, três abrangem o componente qualitativo do estudo: i. definição do concourse (declarações sobre determinado tema), ii. o desenvolvimento da amostra Q (Q-sample ou Q-set, um conjunto de afirmações), iii. a seleção do P set (amostra de sujeitos que participaram do estudo); uma fase caracteriza o componente quantitativo do método: iv: análise do Q-sort (ordenação das declarações pelo participante do estudo em uma grade) com geração de fatores e análise estatística; v. e por fim, a fase de interpretação dos dados, dar-se pela conciliação dos componentes qualitativos e quantitativos. Na revisão de literatura realizada sobre o uso desse método misto na educação na saúde com o suporte de tecnologias, verificou-se que há variações nas técnicas utilizadas para construção do concourse, como entrevistas, levantamento de literatura, grupos focais; na definição do número de itens da amostra Q, ou seja, o número de declarações; além do conjunto P, nome atribuído aos participantes desse tipo de estudo, não necessita de um número elevado de pessoas, pois, as baixas taxas de resposta não influenciam os resultados, já que o objetivo principalé identificar uma tipologia, não testar a distribuição proporcional dessa tipologia em uma população maior4,5. No caso, dos estudos na área da educação em saúde com tecnologias, extraíram-se os padrões de perfis de estudantes, professores e funcionários (os fatores) por meio dos Q-sorts, que foram analisados com diferentes softwares e variados métodos de rotação (Tabela 1). Conclusão. O método Q é uma estratégia para descobrir diferentes padrões de percepção, podendo tornar as estruturas internalizadas explícitas. Então, aprender sobre esse método e a natureza do seu recorte de pesquisa, tipo misto, parece adequado para o desenvolvimento de estudos na área das ciências da saúde, principalmente na formação profissional na cultura digital.
Referências
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