Mapeando objetivamente as revistas de Farmácia

Autores

  • Antonio M Mendes
  • Fernanda S Tonin
  • Fernando Fernandez-Llimos

Palavras-chave:

mapa da ciência, farmácia, farmácia prática

Resumo

Introdução: Mapa da ciência é uma representação espacial de como as disciplinas, as áreas do conhecimento, as especialidades, as revistas científicas, e individualmente os artigos ou os autores estão relacionados entre si. A Farmácia como área do conhecimento, por englobar características de caráter tecnológico, analítico e assistencial, apresenta ainda uma imprecisão sobre suas subdivisões em disciplinas e especialidades. Objetivos: Mapear as subdivisões da área da Farmácia a partir dos artigos publicados em revistas científicas. Método: As revistas ativas (dezembro 2016) com publicações em inglês e cujos títulos apresentassem um ou mais termos relacionados à área (pharmacy, pharmaceutica*, pharmacist, pharmacotherapy) foram coletados das bases Web of Science, Scopus, Medline e PubMed Central. Os títulos de todos os artigos publicados (2006-2016) nas revistas incluídas foram compilados e organizados de acordo com a revista de origem em um corpus único para análise textual (Iramuteq 0.7 alpha 2). Foram conduzidas: análise lexicográfica para determinação dos segmentos de texto (ST) e frequência das palavras; classificação hierárquica descendente (CHD) para categorização das palavras e revistas em grupos lexicais semelhantes; e análise fatorial correspondente (AFC) para obtenção de gráficos bi e trimedimensionais. Qui-quadrado (X2) e p-value foram utilizados como medidas estatísticas de frequência e significância. Resultados: Foram encontrados inicialmente 209 revistas das quais 161 foram selecionadas.  Após a coleta de dados, obtivemos 148.081 títulos de artigos, com média de 919,7±1069,2 artigos por revista. Na análise lexicográfica, 34.394 ST foram analisados com aproveitamento satisfatório (74,82%). Emergiram 65.070 palavras distintas. Através da CHD foi gerado dendrograma com cinco classes lexicais distintas. As classes foram separadas em duas ramificações principais: subcorpus A (classes  1 e 2); e subcorpus B (classes 3, 4 e 5). As palavras e a revista mais representativas para as classes foram: patient, treatment, therapy, Exp_Op_Pharmacotherapy (p<0,0001) – Classe 1; pharmacy, pharmacist, medication, Int_J_Clin_Pharm (p<0,0001) – Classe 2; release, formulation, tablet, Drug_Develop_Ind_Pharm (p<0,0001) – Classe 3; activity, extract, synthesis, Chem_Pharm_Bulletin (p<0,0001) – Classe 4; cell, expression, human, Bio_Pharm_Bulletin (p<0,0001) – Classe 5. A AFC gerou dois planos cartesianos (palavras e revistas) que demonstraram clara separação entre o subcorpus A e B, porém sem clara distinção entre as classes pertencentes ao mesmo subcorpus. Discussão: As análises dos artigos publicados nas revistas do campo de Farmácia nos últimos 10 anos demonstraram uma nítida separação entre duas grandes áreas: Farmácia Clínica (subcorpus A) e Farmácia Básica (subcorpus B). A partir das palavras mais relevantes, foi possivel identificar as seguintes classes lexicais: 1-Farmacoterapia; 2-Farmácia Prática; 3-Tecnologia Farmacêutica; 4-Farmácia Analítica/Química Farmacêutica; 5-Farmacologia experimental/Biofarmácia.  Algumas bases de indexação e vários índices pelos quais se avalia o desempenho de investigadores, consideram a Farmácia como um área única, ignorando as diferenças encontradas nesta análise. Semelhante a outras áreas, é expectável a existência de padrões de publicação e citação diferentes entre as sub-areas que justificam à necessidade da subdivisão do campo da Farmácia nas cinco categorias identificadas. Conclusões: Através de um método objectivo de análise textual dos títulos dos artigos científicos, foi possível demonstrar a distinção existente no campo da Farmácia entre dois grandes subcorpus e cinco sub-areas que a compõem.

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Publicado

2018-04-23

Edição

Secção

Comunicações