As Bibliotecas Hospitalares da Zona Centro de Portugal: um diagnóstico
Palavras-chave:
Bibliotecas hospitalares, Serviços de biblioteca, Questionários, DiagnósticoResumo
- 1. Introdução
A biblioteca hospitalar continua a ser um modelo desconhecido em Portugal, não obstante a sua importância para o funcionamento das instituições de saúde e para a investigação no âmbito das ciências da saúde. Trata-se de uma área, até agora, com escassos estudos no país e conhecida essencialmente por profissionais da saúde ligados ao ensino e à investigação.
Importa aprofundar o conhecimento sobre estas bibliotecas e sobre o papel que desempenham e compreender os motivos que as tornam desconhecidas dentro das próprias instituições.
- 2. Objetivo
Este estudo foi realizado com o objetivo de conhecer e estudar a realidade das bibliotecas hospitalares da zona centro de Portugal e contribuir para a sua divulgação e dinamização.
- 3. Métodos
Trata-se de um estudo descritivo, inserido no tipo de investigação não experimental, com métodos de estudo de análise quantitativa.
- 4. Resultados
O levantamento das bibliotecas hospitalares, existentes na zona centro de Portugal, foi feito em 41 instituições de saúde, públicas e privadas.
Apurou-se que 11 instituições de saúde públicas possuem biblioteca (27%) e que não existem instituições de saúde privadas com esta valência.
Constatou-se que qualquer uma destas unidades de saúde possui várias centenas de colaboradores, mas as suas bibliotecas são pequenas e com parcos recursos humanos.
Observa-se que o número de colaboradores sem formação em biblioteconomia é superior ao número de colaboradores com formação na área. Em 5 das 7 bibliotecas (71%) que responderam ao questionário apenas o responsável da biblioteca tem formação em biblioteconomia e apenas 1 biblioteca (14%) possui técnicos profissionais na equipa.
Em relação aos recursos disponibilizados por estas bibliotecas, as publicações periódicas, em suporte papel, são ainda o recurso mais utilizado (71%) seguidos por um conjunto de recursos em suporte digital.
- 5. Discussão
Verificando-se a existência de uma lacuna na formação dos colaboradores a exercerem funções nas bibliotecas em estudo, poderá existir comprometimento na qualidade do trabalho técnico aí desempenhado, pois segundo a literatura estes profissionais deverão possuir qualificações reconhecidas e ter assegurada formação contínua exigente e rigorosa (1).
Acresce à gravosa situação referida o facto da consolidação das bibliotecas passar pela incursão de novos serviços, obrigando à aquisição de novas competências pelos seus colaboradores (2).
Relativamente aos recursos disponibilizados, verifica-se que os utilizadores utilizam o suporte digital em muitas circunstâncias, apesar da grande adesão às publicações em suporte papel. Tal constatação remete para Wolf (3) quando afirma que as bibliotecas da saúde, pioneiras em bases de dados avaliadas, ainda hoje beneficiam da primazia de informação atualizada.
- 6. Conclusões
Provavelmente será necessária uma intervenção da tutela na criação de políticas para o aumento do número de bibliotecas hospitalares, tanto em instituições públicas como privadas.
Na melhoria dos serviços da biblioteca hospitalar, ultrapassar-se-ão obstáculos com o reforço de recursos humanos qualificados.
Os utilizadores portugueses seguem a mesma linha dos restantes utilizadores da Europa, tornando crucial que os serviços de biblioteca acompanhem a evolução tecnológica. Em breve, o digital será a sua primeira escolha em detrimento do papel.
Referências
Bibliografia
(1) Lasserre K. Expert searching in health librarianship: a literature review to identify international issues and Australian concerns. Health Information & Libraries Journal. 2012;29(1): 3-15
(2) Thibodeau PL, Funk CK. Trends in the hospital librarianship and hospital library services: 1989 to 2006. Journal of the Medical Library Association. 2009;97(4):273-279
(3) Wolf DG, Chasstain-Warheit CC, Easterby-Gannett S, Chayes MC, Bradley A. Hospital Librarianship in the Unites States: at the crossroads. Journal of the Medical Library Association. 2002;90(1):38-48