Bibliotecas na Saúde… e a Saúde nas Bibliotecas?

Autores

  • Ana Catarina Martiniano Pinheiro Centro Hospitalar do Algarve - Unidade de Faro; Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; Unidade de Doenças Sistémicas e Zoonoses do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
  • Carla Viegas Área Científica de Saúde Ambiental, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, IPL Centro de Investigação em Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa
  • Cristina Verissimo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge – Departamento de Doenças Infecciosas (INSA-IP)
  • João Brandão Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge – Departamento de Saúde Ambiental (INSA-IP)
  • Maria Filomena Macedo Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL) Vicarte - Faculdade Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, Portugal

Palavras-chave:

Qualidade do ar interior, Arquivos, Fungos

Resumo

Em arquivos e bibliotecas a presença de fungos é considerada nefasta pelas suas implicações na conservação e leitura de documentos históricos e pela sua associação a problemas de saúde sentidos pelos funcionários e utentes que frequentam estes locais. De acordo com alguns autores, os problemas de saúde mais reportados por funcionários em Bibliotecas e Arquivos são dermatite, rinite, alergias e asma. Embora revestida de inegável importância, existem poucos estudos internacionais sobre a temática e, em Portugal, a contaminação fúngica em ambiente arquivístico e em bibliotecas é ainda muito pouco conhecida. O estudo realizado em quatro Arquivos Portugueses teve como objectivo conhecer a contaminação fúngica, contribuindo para a análise da qualidade do ar interior desses espaços e sua comparação com estudos internacionais. Para isso foram recolhidas amostras de ar e de superfícies e estas foram analisadas por métodos clássicos de cultura e, quando necessário, por métodos de biologia molecular. A avaliação foi feita quantitativa e qualitativamente, considerando os requisitos legais em vigor. No que respeita à análise do ar, o número de unidades formadoras de colónias (UFC)/m3 nunca excedeu as 500 (limite legislado), tendo sido verificada contaminação interior em todos os locais estudados. Comparativamente aos estudos realizados anteriormente em contextos semelhantes foram encontrados níveis elevados de contaminação por leveduras nas amostras de ar analisadas em Arquivos Portugueses. Não foi identificado nenhum fungo patogénico neste estudo, mas em quase todas as amostras estavam presentes fungos potencialmente toxinogénicos. Dentro do grupo dos Aspergillus, o A.versicolor mostrou predominância, tendo este fungo reconhecidas capacidades de emissão de micotoxinas em ambiente de interior.A inclusão de amostras de superfície revelou-se vital para conhecer todo o espectro fúngico existente em cada um dos locais estudados, incluindo a detecção de Stachybotrys chartarum e a do fungo potencialmente queratinofílico, Chrysosporium carmichaelli. Tanto para a saúde como para a conservação, o recente estudo realizado em quatro arquivos permitiu retirar importantes conclusões e reforçar a necessidade de vigilância, sendo também útil para a definição de padrões de qualidade no campo do património cultural.

Biografia Autor

Ana Catarina Martiniano Pinheiro, Centro Hospitalar do Algarve - Unidade de Faro; Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; Unidade de Doenças Sistémicas e Zoonoses do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

Grau académico de Licenciatura Pré-Bolonha em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Lisboa e em Conservação e Restauro pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Tem ainda o doutoramento em Ciências da Conservação conferido pela Universidade Nova de Lisboa. Interesses passam pela contaminação fúngica em Arquivos e Bibliotecas e o modo com este ambiente pode afectar tanto as pessoas como os documentos históricos guardados nestes locais. Outros interesses incluem farmácia hospitalar, microbiologia fúngica, qualidade do ar interior, exposição ocupacional a fungos, análise de risco e actividade lectiva.

 

Publicado

2016-06-13